Segurança Alimentar - Falando sobre Luvas
Olá
queridos amigos,
Neste
artigo venho compartilhar com vocês mais uma das minhas experiências diárias no
ramo da segurança alimentar, e neste caso quero falar particularmente do tema
LUVAS.
Todos os dias vejo
pessoas trabalhando com alimentos e fazendo o uso indiscriminado de luvas de
látex (sim, aquelas iguais as de cirurgia) sem o menor critério de uso,
portanto mais uma vez senti a necessidade de esclarecer algumas dúvidas que
possam ser frequentes sobre esse utensílio.
É comum vermos em
plena hora de almoço alguns funcionários de restaurante pagando suas contas no
banco ou fazendo algum jogo em lotéricas, aproveitando sua hora de folga fora
do seu local de trabalho usando o seu uniforme. Até aí não haveria nenhum
problema não é mesmo? Ou não? Muitas das vezes este funcionário simplesmente
não se dá conta de que está usando o seu uniforme
fora do local de trabalho, aquela roupa que logo mais estará dentro da cozinha
retomando suas atividades normais.
Dou esse exemplo, pois a mesma coisa acontece no que diz respeito
as suas luvas. Sim, muitas vezes o funcionário simplesmente “esquece” que está
de luva e começa a fazer diversas atividades com a mesma luva nas suas mãos.
Devemos lembrar que estas luvas podem contribuir para um grande foco de contaminação,
quando utilizadas inadequadamente, onde o funcionário manipulador deve ter em
mente que a única função da luva é a de proteger o alimento do contato com o
manipulador e, desta forma deve ser utilizada somente durante o tempo em que
estiver lidando com o alimento e deve ocorrer a troca periodicamente.
Quando o funcionário está com a luva, tenho a nítida impressão, em
alguns estabelecimentos, de que ele sente como se tivesse com uma “capa
protetora”, e com isso vai manuseando tudo, como portas de geladeira, lixo,
dinheiro e tudo mais que possamos imaginar.
Outra situação é a do longo período de utilização da luva na mão
sem que tenha havido a troca desta luva. Quando a luva permanece muito tempo na
mão do funcionário, acaba gerando suor e consequentemente crescimento
microbiano, que pode ultrapassar a permeabilidade do material e acabar
comprometendo o alimento.
A portaria CVS5 é muito clara no que diz respeito à Luva:
Art. 12. Os manipuladores de alimento devem adotar procedimentos de antissepsia
frequente das mãos, especialmente antes de usar utensílios higienizados e de
colocar luvas descartáveis. A manipulação de alimentos prontos para o consumo,
que sofreram tratamento térmico ou que não serão submetidos a tratamento
térmico, bem como a manipulação de frutas, legumes e verduras já higienizadas,
devem ser realizadas com as mãos previamente higienizadas, ou com o uso de
utensílios de manipulação, ou de luvas descartáveis. Estas devem ser trocadas e
descartadas sempre que houver interrupção do procedimento, ou quando produtos e
superfícies não higienizadas forem tocados com as mesmas luvas, para se evitar
a contaminação cruzada.
Dentro de uma cozinha um único funcionário pode dispor de diversas
funções, sendo que cada função pode em algum dado momento exigir algum tipo
específico de luva, nesses casos a portaria nos guia informando:
§ 1º O uso da luva descartável de borracha, látex ou plástica
não é permitido em procedimento que envolva calor, como cozimento e fritura e
também, quando se usam máquinas de moagem, tritura, mistura ou outros
equipamentos que acarretem riscos de acidentes.
§ 2º Luvas de malha de aço devem ser utilizadas durante o corte
e desossa de carnes. Luvas térmicas devem ser utilizadas em situações de calor
intenso, como cozimento em fornos e devem estar conservadas limpas.
§ 3º A luva nitrílica (borracha) de cano longo é obrigatória na
manipulação de produtos saneantes durante a higienização do ambiente,
equipamentos e utensílios, coleta e transporte de lixo, higienização de
contentores de lixo e limpeza de sanitários.
Os funcionários devem higienizar as mãos sempre que necessário e
especialmente: ao chegar ao trabalho; utilizar os sanitários; tossir, espirrar
ou assuar o nariz; usar esfregões, panos ou materiais de limpeza; fumar;
recolher lixo e outros resíduos; tocar em sacarias, caixas, garrafas e sapatos;
tocar em alimentos não higienizados ou crus; houver interrupção do serviço e
iniciar outro; pegar em dinheiro.
Espero ter esclarecido alguns pontos sobre este tema um pouco
polêmico e espero cada vez mais poder informar todos que querem saber sobre
este maravilhoso mundo da segurança alimentar.
Dr.Thiago Giacopetti de
Araujo